Então, talvez eu vá chocar alguns, surpreender outros... e com certeza muitos se ofenderão.
Mas estou acompanhando as postagens de grávidas e bebês no Facebook apoiando o movimento; #NãoaoAbortoSimpelaVida
Primeiro, eu sou contra o aborto EM MIM. Se eu estiver inconsciente e tiverem que decidir, por favor, não façam. Se eu estiver em coma, e for possível levar a gravidez adiante, fica pública e registrada minha opinião.
Segundo, eu não vou dizer aqui SIM ou NÃO ao aborto. E muitos acham que eu não posso ser imparcial num assunto desses, talvez seja verdade, mas o blog é meu hahahahah
Partindo daí, vamos tentar visualizar o geral da questão do aborto.
Começamos, é claro, na vida que está sendo protegida: Quando a vida começa? Quando o feto começa a sentir? A ciência não determinou isso, existem várias e várias opiniões, já para várias religiões, a vida começa quando Deus determina que virá ao mundo o novo ser, na concepção. A concepção é escolha de Deus. Eu acredito que o Estado deve proteger sim a criança. ´Mas não sei dizer a partir de quando.
Aumentando um pouco esse campo de visão tem uma mulher, e é a ela que a maior parte dos militantes pela legalização do aborto tendem a proteger, conhecido como movimentos "Pró Vida". Não dá para colocar essas mulheres num determinado estereótipo. Não da para dizer "são assassinas" ou "são vítimas". São mulheres cada uma com uma história e individualidades, perspectivas e razões diferentes. A única coisa em comum nelas é que estão grávidas.
Aí, nós nos distanciamos um pouco mais e vemos as clínicas clandestinas de abortos. Os criminosos ao redor da situação. Os traficantes de drogas abortivas. As pessoas que se beneficiam financeiramente da fraqueza de bebê e mulher, e da falta de regulamentação legal.
E com um pouco mais de frieza, enxergamos, em todas as etapas mortes. Morte do feto. Algumas vezes morre só mesmo o feto, ele é a única vitima. Algumas vezes morre a mãe. Algumas vezes, a mãe morre e continua viva.
Particularmente, não cogitei a possibilidade de interromper a minha gestação. Senti muitas, muitas coisas quando descobri a gravidez, muito medo inclusive, mas quando alguém me disse essa palavra aborto, pra mim... simplesmente não existia essa opção. É o que EU, Jennifer, acredito. Por razões religiosas e legais. Eu não sabia se o José Miguel teria um pai, mas ele sempre teve e terá uma mãe. Mas essa é a minha realidade.
Agora, se eu observar as mulheres que recorrem a uma clínica de aborto, ou aos traficantes de drogas que o causem, essas mulheres com certeza estão sentindo medo. Medo é um sentimento inerente á todas as mães, na minha opinião. Quando elas procuram essa alternativa hoje, em nosso país, ninguém segura as mãos dela e explica que tem outra opção. Ninguém conversa com elas sobre adoção, sobre as possibilidades de procurar assistência. Essas mulheres tem medo, e a única coisa que elas sabem é da condição de mulher que não pode estar grávida ou não pode ter um filho, e não importa o motivo. Elas chegam numa dessas clínicas e a única pergunta é "quando"? Marcam uma data, fazem o procedimento. E elas não podem contar com ninguém. Então, ok, elas são responsáveis pela vida que estão gerando, mas elas estão sozinhas e vulneráveis, extremamente fragilizadas. Não são responsáveis nem por si mesmas. Estão assustadas, não estão pensando direito.
Aqui queria dizer que nem todas são assim. Algumas simplesmente não querem a responsabilidade, julgam ser mais fácil abortar, enfim. Mas estas não são a maioria.
A possibilidade de regulamentar o aborto, significa que, quando uma mulher estiver grávida, serão apresentadas opções a essas mulheres. Significa que alguém irá explicar a elas o que está acontecendo. Significa que serão ouvidas, que terão tempo para processar o que está acontecendo, por que não se trata de algo criminoso feito ás pressas, será uma opção, e ela terá outras opções também, como o parto anônimo que é um projeto que engatinha no Brasil, mas é uma possibilidade. E se a mulher realmente decidir pela interrupção da gravidez, ela tem a chance de não ser tratada como um pedaço de carne, não vai morrer como indigente num lugar podre em vários aspectos.
Significa, que quando ela estiver assustada e com medo, vão oferecer a ela a chance de permitir a vida, dela e da criança. Significa uma chance.
Então, eu não posso dizer e tenho pena de quem tem que decidir. Mas não consigo lidar com o fato das pessoas julgarem tão facilmente a vida de outras pessoas.
Porém, a regulamentação do aborto tornaria possível que deixasse de ser um crime rentável e se tornasse apenas uma discussão sobre a vida. Pró vida.
Se me dão o direito de pedir, por favor parem de achar que mulher é tudo vagabunda, e tratem a mulher como ser humana, digna e detentora de direitos, e acima de tudo, de sentimentos. Por que julgar é muito fácil. E mulheres que já optaram por interromper a gravidez, também um dia julgaram como "assassina" ou "vagabunda" outra mulher que já optou por ele.
E para os religiosos, que tal acolher essas mulheres que se sentiram tão sozinhas a ponto de optar pela interrupção de uma gravidez, por que ninguém se preocupou em ser Cristo na vida delas. Ao que me lembro da minha educação religiosa, Jesus não veio ao Mundo enterrar o dedo na cara de ninguém, nem ia a casa dos Apóstolos fazer fofoca da vida alheia, julgando seus pecados. Jesus sentou-se com os pecadores, lhes amou acima de tudo, e mostrou novas perspectivas. Isso não foi ser tolerante ou aceitar o pecado, mas foi reconhecer aonde começa a fraqueza do pecador.
Com certeza, se as pessoas se preocupassem mais em acolher, em respeitar a vida dos outros, se as pessoas fizessem menos julgamentos e se tornassem mais úteis aos demais, salvaríamos muitas vidas.
Mundo, que tal menos hipocrisia?
Pronta para os açoites,
@DiasJennifer